sexta-feira, 20 de abril de 2012


DELICADA BIODIVERSIDADE

Embora a vida caracterize o nosso planeta, segundo Myers (1996) sabemos mais sobre o número de átomos que compõem o universo do que sobre as intrincadas relações que se estabelecem entre seres vivos. 20% das espécies de plantas e ainda mais animais estão confinados a apenas 0,5% do planeta, em áreas muitas vezes tropicais ou do tipo “Mediterrânico”, sendo frequentemente ricas em espécies endémicas, mas de extrema sensibilidade, o que as torna num “Hotspot” biológico. Este autor afirma ainda que os lagos tropicais possuem cerca de 40% das espécies de peixes identificadas até hoje (os lagos Malawi, Tanganyika e Victória pensa-se possuirem 11% dessas espécies, apenas em 0,08% da área terrestre) e cerca de 20% dos vertebrados, representando no entanto menos de 0,01% da água do planeta e desaparecendo ainda mais rapidamente do que as florestas! Estes Biomas sensíveis, por estarem relativamente isolados e, também eles, suportarem um elevado endemismo, são muitas vezes considerados “Ilhas Ecológicas”. E, em alguns destes locais, tais como os lagos referidos anteriormente, cientistas reclamam uma perda de cerca de 67% da biodiversidade graças à introdução de espécies invasoras, podendo este número chegar aos 90% em breve.
Lago Tanganyika. Fonte: tudolevapericia.blgsp.com

Ciclídeo originário do Lago Malawi.  Fonte: shutterstock.com
As Zonas Húmidas tropicais (e em muitos outros locais), constituem meios de grande sensibilidade física e química e riqueza biológica, pensando-se que só nas últimas décadas e maioritariamente por causas antropogénicas tenham perdido 50% da sua área a nível mundial.
Embora vários biomas terrestres possuam fraca “Resiliência Ecológica”, ou pelo menos parte das espécies que neles habitam, não nos devemos esquecer que já nos últimos 20 000 ou 30 000 anos foi perdida muita biodiversidade, não só pelas mudanças climáticas mas também pela caça humana, no entanto, nunca foi possível atribuir de forma tão segura esta perda às causas antropogénicas como nas últimas décadas.
Embora em alguns locais a taxa de “Diversificação Evolucionaria”, que nos permitirá “devolver” alguma da biodiversidade perdida a determinado Bioma, seja relativamente rápida, falamos sempre em “milhões de anos” neste capítulo. Não esqueçamos, por exemplo, que no ultimo período Permiano (299 a 251 milhões de anos –Ma- atrás) onde se perdeu talvez metade das famílias de vertebrados marinhos, foram necessários 20 Ma para recuperar cerca de metade (Myers, 1996). Como disseram Soule e Wilcox (1980), “Death is one thing, put an end to birth is something completely different”.
Gráfico representativo das extinções nos últimos 600Ma. Fonte: ndsu.edu
A Biodiversidade está em crise, mas quais as suas causa concretas?

De entre a Bibliografia consultada destaca-se:
Myers, N. (1996) “The rich diversity of biodiversity issues” pp. 125-138. In M. Reaka-Kudla, D.E. Wilson, & E.O. Wilson (eds.) Biodiversity II: understanding and protecting our biological resources, Joseph Henry Press, Washington, D.C.

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