DELICADA BIODIVERSIDADE
Embora a vida
caracterize o nosso planeta, segundo Myers (1996) sabemos mais sobre o número
de átomos que compõem o universo do que sobre as intrincadas relações que se
estabelecem entre seres vivos. 20% das espécies de plantas e ainda mais animais
estão confinados a apenas 0,5% do planeta, em áreas muitas vezes tropicais ou
do tipo “Mediterrânico”, sendo frequentemente ricas em espécies endémicas, mas
de extrema sensibilidade, o que as torna num “Hotspot” biológico. Este autor afirma ainda que os lagos tropicais
possuem cerca de 40% das espécies de peixes identificadas até hoje (os lagos
Malawi, Tanganyika e Victória pensa-se possuirem 11% dessas espécies, apenas em
0,08% da área terrestre) e cerca de 20% dos vertebrados, representando no
entanto menos de 0,01% da água do planeta e desaparecendo ainda mais
rapidamente do que as florestas! Estes Biomas sensíveis, por estarem
relativamente isolados e, também eles, suportarem um elevado endemismo, são
muitas vezes considerados “Ilhas Ecológicas”.
E, em alguns destes locais, tais como os lagos referidos anteriormente, cientistas
reclamam uma perda de cerca de 67% da biodiversidade graças à introdução de espécies
invasoras, podendo este número chegar aos 90% em breve.
Lago Tanganyika. Fonte: tudolevapericia.blgsp.com
Ciclídeo originário do Lago Malawi. Fonte: shutterstock.com
As Zonas Húmidas
tropicais (e em muitos outros locais), constituem meios de grande sensibilidade
física e química e riqueza biológica, pensando-se que só nas últimas décadas e
maioritariamente por causas antropogénicas tenham perdido 50% da sua área a nível
mundial.
Embora vários biomas
terrestres possuam fraca “Resiliência
Ecológica”, ou pelo menos parte das espécies que neles habitam, não nos
devemos esquecer que já nos últimos 20 000 ou 30 000 anos foi perdida muita
biodiversidade, não só pelas mudanças climáticas mas também pela caça humana,
no entanto, nunca foi possível atribuir de forma tão segura esta perda às
causas antropogénicas como nas últimas décadas.
Embora em alguns
locais a taxa de “Diversificação Evolucionaria”, que nos permitirá “devolver”
alguma da biodiversidade perdida a determinado Bioma, seja relativamente rápida,
falamos sempre em “milhões de anos” neste capítulo. Não esqueçamos, por exemplo,
que no ultimo período Permiano (299 a 251 milhões de anos –Ma- atrás) onde se
perdeu talvez metade das famílias de vertebrados marinhos, foram necessários 20
Ma para recuperar cerca de metade (Myers, 1996). Como disseram Soule e Wilcox
(1980), “Death is one thing, put an end to birth is something completely different”.
Gráfico representativo das extinções nos últimos 600Ma. Fonte: ndsu.edu
A Biodiversidade
está em crise, mas quais as suas causa concretas?
De entre a Bibliografia consultada destaca-se:
Myers, N. (1996) “The rich
diversity of biodiversity issues” pp. 125-138. In M. Reaka-Kudla, D.E. Wilson,
& E.O. Wilson (eds.) Biodiversity II: understanding and protecting our
biological resources, Joseph Henry Press, Washington, D.C.
Nenhum comentário:
Postar um comentário